Em 30 de julho de 2003, o último dos 21.529.464 Fuscas da
Volkswagen, construídos desde a Segunda Guerra Mundial, é produzido na
fábrica da Volkswagen, em Puebla, no México. Uma das três mil unidades
da última edição, o veículo azul-bebê foi enviado para um museu em
Wolfsburg, na Alemanha, onde a Volkswagen está sediada.
O carro montado em Puebla nessa data foi o último dos “clássicos”
Fuscas (Beetle, no inglês), que não devem ser confundidos com o
remodelado New Beetle, que a Volkswagen lançou em 1998 (o New Beetle se
assemelha à versão clássica, mas é baseado no Golf). As origens do Fusca
remontam a meados dos anos 30, quando o famoso engenheiro
automobilístico austríaco Dr. Ferdidand Porsche atendeu a um pedido do
líder Adolf Hitler para um carro de passageiros pequeno e acessível, que
satisfaria as necessidades de transporte do povo alemão. Hitler chamou
o resultado de KdF (Kraft-durch-Freude) -Wagen (ou
“Carro-da-força-através-da-diversão”, em uma tradução aproximada) após
um movimento liderado por nazistas que pretendiam ajudar, a qualquer
custo, o povo trabalhador alemão. Posteriormente, ele seria conhecido
pelo nome que a Porsche preferia: Volkswagen, ou “carro do povo”.
O primeiro KdF-Wagen foi exibido no Berlin Motor Show em 1939, e a
imprensa internacional logo o chamaria de “Beetle” (“Besouro”, na
tradução) por seu formato arredondado característico. Durante a Segunda
Guerra, a fábrica em Kdf-Stadt (cidade que depois virou Wolfsburg)
continuou a produzir Fuscas, embora fosse mais dedicada à produção de
veículos de guerra. A sua produção foi interrompida sob ameaça de
bombardeio aliado em agosto de 1944 e só retornou após a guerra,
controlada pelos britânicos. Apesar de as vendas da Volkswagen terem
diminuído nos EUA, em comparação com o resto do mundo, em 1960, o Fusca
era o carro mais importado na América, graças a uma campanha
publicitária simbólica feita pela empresa Doyle Dane Bernbach. Em 1972, o
Fusca ultrapassou o recorde de produção mundial de 15 milhões de
veículos, estabelecido pelo lendário Model T da Ford entre 1908 e 1927. E
ele também se tornou um ícone da cultura mundial, recebendo destaque no
filme de sucesso de 1969, “Se o Meu ‘Fusca’ Falasse” (cujo protagonista
era um Fusca chamado Herbie) e na capa do disco “Abbey Road” dos
Beatles.
Em 1977, no entanto, o Fusca, com o seu motor traseiro e refrigerado,
foi banido dos EUA, por não cumprir as normas de seguranças. As vendas
mundiais do carro encolheram no final dos anos 70 e, em 1988, o Fusca só
era vendido no México. Por causa de uma competição cada vez maior de
outros fabricantes de carros compactos e baratos, e uma decisão mexicana
de eliminar progressivamente os táxis de duas portas, a Volkswagen
decidiu interromper a produção do Fusca em 2003. Aliás, a contagem final
das 21.529.464 unidades não inclui os 600 carros originais construídos
pelos nazistas antes da Segunda Guerra Mundial.
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